quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Relatório do Seminário Autoestima, Dignidade e Salário


Por diagnósticos médicos 
específicos para a 
população negra


A partir da criação, em 2003, da Secretaria 
Especial de Promoção da Política de 
Igualdade Racial (SEPPIR), que possui status 
de Ministério e está ligada à Presidência da 
República surgiu o Conselho Nacional de 
Saúde que aprovou, por sua vez, a Política 
Nacional de Saúde Integral da População 
Negra, em 2006.
Mesmo assim, como acontece com os 
aparatos de Estado, que burocratizam as boas 
intenções, por causa das pressões urgentes da 
cidadania organizada em torno dos sindicatos 
e dos movimentos negros, a população negra 
no Brasil ainda continua sem apoio para o 
tratamento de doenças típicas de sua 
condição racial.
Situação que é agravada por sua condição 
social de pobreza e analfabetismo funcional, e 
que continua a gerar desinformação que 
mata, como acontece com os casos de 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, hanseníase, cancêr de 
colo uterino e de mama, miomas, transtornos 
mentais e a anemia falciforme.
Muitas dessas doenças são verdadeiras 
epidemias modernas que afetam as 
populações em vários estratos sociais e 
regionais do Brasil e do mundo.
Mas a prevenção de grande parte dessas 
epidemias modernas, a exemplo da 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, câncer do colo uterino 
e de mamas poderia ser acelerada com 
informações que fossem traduzidas para 
grande parte da população negra que foi 
mantida, desde a escravidão, distante da 
Educação. E, portanto, com sérias dificuldades 
de entender e pressionar o Sistema Único de 
Saúde para lhes repassar informações e 
diagnósticos que salvariam vidas da 
população negra.

Saúde da população negra 
e cidadania


A melhoria da saúde da população negra 
passa, portanto, pelo respeito à cidadania do 
homem e da mulher negra, que continuam 
vítimas da discriminação racial, econômica e 
social.
Por isso, as doenças que mais lhes afetam 
não conseguem sensibilizar os órgãos 
públicos para de fato levar até essa população 
os tratamentos e as iniciativas preventivas que 
lhes protejam as vidas.
É sabido que os negros e negras 
desenvolvem mais hipertensão que os 
brancos. Mas poucos especialistas ousam 
vincular a incidência da doença com a 
condição de escravos trazidos à força, em 
navios negreiros, para as terras brasileiras.
O dr. Décio Mion é médico, especialista em 
pressão arterial. É professor de Nefrologia, 
dirige a Unidade de Hipertensão Arterial do 
Hospital das Clínicas da Universidade São 
Paulo e é um dos que reconhecem que “os 
negros desenvolvem mais hipertensão do que 
os brancos”.
E consegue uma explicação que vincula 
essa condição à escravidão: “Uma das 
hipóteses para justificar esse fato está nas 
condições em que eram trazidos da África 
para a América. Muitos morreram por causa 
das infecções, porque vomitavam e tinham 
diarreia e não conseguiam reter líquido. 
Quem conseguia, sobreviveu. Eram os 
sal-sensíveis", explica o doutor Décio Mion.
E continua: "Desse modo, houve uma 
espécie de seleção natural. Provavelmente, a 
maior parte dos negros que suportou a 
viagem comia sal, retinha líquido, o que 
elevava a pressão, e transmitiu essas 
características aos seus descendentes.”
A origem africana também explicaria a 
anemia falciforme.
Segundo o estudo “Anemia Falciforme, 
origem e disseminação no Brasil”, dos 
especialistas Leandro Batista Madruga, 
Virgínia Santander e Denise Cheavegatti, se 
trata de “uma doença crônica e hereditária, 
podendo ocorrer em qualquer pessoa, com 
incidência maior em algumas etnias, como 
negros provenientes de origem africana”.
Segundo os autores do estudo, estudiosos 
defendem que a anemia falciforme surgiu 
como proteção dos povos africanos contra a 
malária, visto que o protozoário Plasmodium 
falciparum atinge a hemoglobina A. Ao passar 
pela mutação genética, a gênese da 
hemoglobina é alterada formando-se a 
hemoglobina S. Com essa diferenciação 
genética, a malária foi controlada, diminuindo 
substancialmente a mortalidade dos 
africanos, visto que o protozoário da malária 
não infecta a hemoglobina S.
O que era um fator de sobrevivência na 
África foi herdado principalmente pelos 
afrodescendentes como uma condição que 
passa ao largo dos diagnósticos dos médicos 
brasileiros, que em sua maioria, examinam os 
negros com altas doses de preconceito racial e 
que os tratam, quando o fazem, apenas de 
acordo com os parâmetros da medicina 
européia convencional.
Cito esses dois exemplos para chamar a 
atenção das lideranças sindicais, comunitárias 
e políticas aqui presentes para a necessidade 
de nos unirmos em torno de políticas públicas 
de saúde que priorizem o tratamento, a 
informação e os diagnósticos médicos 
específicos para a população negra.
Porque muito mais do que os cuidados 
necessários para as doenças que tipicamente 
afetam homens e mulheres negras também 
somos vítimas da falta de informações e de 
orientações que ajudariam a salvar milhões de 
vidas de diabéticos, hipertensos e de 
mulheres que são vítimas fatais, todos os 
anos, de cânceres de mama e do colo do 
útero.
Sem mencionar o abandono a que é 
mantida a juventude negra, fora dos bancos 
escolares e dos empregos, vítimas 
preferenciais do tráfico de drogas e das 
doenças correlatas como alcoolismo, 
dependência química e HIV/AIDS.Por diagnósticos médicos 
específicos para a 
população negra
A partir da criação, em 2003, da Secretaria 
Especial de Promoção da Política de 
Igualdade Racial (SEPPIR), que possui status 
de Ministério e está ligada à Presidência da 
República surgiu o Conselho Nacional de 
Saúde que aprovou, por sua vez, a Política 
Nacional de Saúde Integral da População 
Negra, em 2006.
Mesmo assim, como acontece com os 
aparatos de Estado, que burocratizam as boas 
intenções, por causa das pressões urgentes da 
cidadania organizada em torno dos sindicatos 
e dos movimentos negros, a população negra 
no Brasil ainda continua sem apoio para o 
tratamento de doenças típicas de sua 
condição racial.
Situação que é agravada por sua condição 
social de pobreza e analfabetismo funcional, e 
que continua a gerar desinformação que 
mata, como acontece com os casos de 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, hanseníase, cancêr de 
colo uterino e de mama, miomas, transtornos 
mentais e a anemia falciforme.
Muitas dessas doenças são verdadeiras 
epidemias modernas que afetam as 
populações em vários estratos sociais e 
regionais do Brasil e do mundo.
Mas a prevenção de grande parte dessas 
epidemias modernas, a exemplo da 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, câncer do colo uterino 
e de mamas poderia ser acelerada com 
informações que fossem traduzidas para 
grande parte da população negra que foi 
mantida, desde a escravidão, distante da 
Educação. E, portanto, com sérias dificuldades 
de entender e pressionar o Sistema Único de 
Saúde para lhes repassar informações e 
diagnósticos que salvariam vidas da 
população negra.
Saúde da população negra 
e cidadania
A melhoria da saúde da população negra 
passa, portanto, pelo respeito à cidadania do 
homem e da mulher negra, que continuam 
vítimas da discriminação racial, econômica e 
social.
Por isso, as doenças que mais lhes afetam 
não conseguem sensibilizar os órgãos 
públicos para de fato levar até essa população 
os tratamentos e as iniciativas preventivas que 
lhes protejam as vidas.
É sabido que os negros e negras 
desenvolvem mais hipertensão que os 
brancos. Mas poucos especialistas ousam 
vincular a incidência da doença com a 
condição de escravos trazidos à força, em 
navios negreiros, para as terras brasileiras.
O dr. Décio Mion é médico, especialista em 
pressão arterial. É professor de Nefrologia, 
dirige a Unidade de Hipertensão Arterial do 
Hospital das Clínicas da Universidade São 
Paulo e é um dos que reconhecem que “os 
negros desenvolvem mais hipertensão do que 
os brancos”.
E consegue uma explicação que vincula 
essa condição à escravidão: “Uma das 
hipóteses para justificar esse fato está nas 
condições em que eram trazidos da África 
para a América. Muitos morreram por causa 
das infecções, porque vomitavam e tinham 
diarreia e não conseguiam reter líquido. 
Quem conseguia, sobreviveu. Eram os 
sal-sensíveis", explica o doutor Décio Mion.
E continua: "Desse modo, houve uma 
espécie de seleção natural. Provavelmente, a 
maior parte dos negros que suportou a 
viagem comia sal, retinha líquido, o que 
elevava a pressão, e transmitiu essas 
características aos seus descendentes.”
A origem africana também explicaria a 
anemia falciforme.
Segundo o estudo “Anemia Falciforme, 
origem e disseminação no Brasil”, dos 
especialistas Leandro Batista Madruga, 
Virgínia Santander e Denise Cheavegatti, se 
trata de “uma doença crônica e hereditária, 
podendo ocorrer em qualquer pessoa, com 
incidência maior em algumas etnias, como 
negros provenientes de origem africana”.
Segundo os autores do estudo, estudiosos 
defendem que a anemia falciforme surgiu 
como proteção dos povos africanos contra a 
malária, visto que o protozoário Plasmodium 
falciparum atinge a hemoglobina A. Ao passar 
pela mutação genética, a gênese da 
hemoglobina é alterada formando-se a 
hemoglobina S. Com essa diferenciação 
genética, a malária foi controlada, diminuindo 
substancialmente a mortalidade dos 
africanos, visto que o protozoário da malária 
não infecta a hemoglobina S.
O que era um fator de sobrevivência na 
África foi herdado principalmente pelos 
afrodescendentes como uma condição que 
passa ao largo dos diagnósticos dos médicos 
brasileiros, que em sua maioria, examinam os 
negros com altas doses de preconceito racial e 
que os tratam, quando o fazem, apenas de 
acordo com os parâmetros da medicina 
européia convencional.
Cito esses dois exemplos para chamar a 
atenção das lideranças sindicais, comunitárias 
e políticas aqui presentes para a necessidade 
de nos unirmos em torno de políticas públicas 
de saúde que priorizem o tratamento, a 
informação e os diagnósticos médicos 
específicos para a população negra.
Porque muito mais do que os cuidados 
necessários para as doenças que tipicamente 
afetam homens e mulheres negras também 
somos vítimas da falta de informações e de 
orientações que ajudariam a salvar milhões de 
vidas de diabéticos, hipertensos e de 
mulheres que são vítimas fatais, todos os 
anos, de cânceres de mama e do colo do 
útero.
Sem mencionar o abandono a que é 
mantida a juventude negra, fora dos bancos 
escolares e dos empregos, vítimas 
preferenciais do tráfico de drogas e das 
doenças correlatas como alcoolismo, 
dependência química e HIV/AIDS.Por diagnósticos médicos 
específicos para a 
população negra
A partir da criação, em 2003, da Secretaria 
Especial de Promoção da Política de 
Igualdade Racial (SEPPIR), que possui status 
de Ministério e está ligada à Presidência da 
República surgiu o Conselho Nacional de 
Saúde que aprovou, por sua vez, a Política 
Nacional de Saúde Integral da População 
Negra, em 2006.
Mesmo assim, como acontece com os 
aparatos de Estado, que burocratizam as boas 
intenções, por causa das pressões urgentes da 
cidadania organizada em torno dos sindicatos 
e dos movimentos negros, a população negra 
no Brasil ainda continua sem apoio para o 
tratamento de doenças típicas de sua 
condição racial.
Situação que é agravada por sua condição 
social de pobreza e analfabetismo funcional, e 
que continua a gerar desinformação que 
mata, como acontece com os casos de 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, hanseníase, cancêr de 
colo uterino e de mama, miomas, transtornos 
mentais e a anemia falciforme.
Muitas dessas doenças são verdadeiras 
epidemias modernas que afetam as 
populações em vários estratos sociais e 
regionais do Brasil e do mundo.
Mas a prevenção de grande parte dessas 
epidemias modernas, a exemplo da 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, câncer do colo uterino 
e de mamas poderia ser acelerada com 
informações que fossem traduzidas para 
grande parte da população negra que foi 
mantida, desde a escravidão, distante da 
Educação. E, portanto, com sérias dificuldades 
de entender e pressionar o Sistema Único de 
Saúde para lhes repassar informações e 
diagnósticos que salvariam vidas da 
população negra.
Saúde da população negra 
e cidadania
A melhoria da saúde da população negra 
passa, portanto, pelo respeito à cidadania do 
homem e da mulher negra, que continuam 
vítimas da discriminação racial, econômica e 
social.
Por isso, as doenças que mais lhes afetam 
não conseguem sensibilizar os órgãos 
públicos para de fato levar até essa população 
os tratamentos e as iniciativas preventivas que 
lhes protejam as vidas.
É sabido que os negros e negras 
desenvolvem mais hipertensão que os 
brancos. Mas poucos especialistas ousam 
vincular a incidência da doença com a 
condição de escravos trazidos à força, em 
navios negreiros, para as terras brasileiras.
O dr. Décio Mion é médico, especialista em 
pressão arterial. É professor de Nefrologia, 
dirige a Unidade de Hipertensão Arterial do 
Hospital das Clínicas da Universidade São 
Paulo e é um dos que reconhecem que “os 
negros desenvolvem mais hipertensão do que 
os brancos”.
E consegue uma explicação que vincula 
essa condição à escravidão: “Uma das 
hipóteses para justificar esse fato está nas 
condições em que eram trazidos da África 
para a América. Muitos morreram por causa 
das infecções, porque vomitavam e tinham 
diarreia e não conseguiam reter líquido. 
Quem conseguia, sobreviveu. Eram os 
sal-sensíveis", explica o doutor Décio Mion.
E continua: "Desse modo, houve uma 
espécie de seleção natural. Provavelmente, a 
maior parte dos negros que suportou a 
viagem comia sal, retinha líquido, o que 
elevava a pressão, e transmitiu essas 
características aos seus descendentes.”
A origem africana também explicaria a 
anemia falciforme.
Segundo o estudo “Anemia Falciforme, 
origem e disseminação no Brasil”, dos 
especialistas Leandro Batista Madruga, 
Virgínia Santander e Denise Cheavegatti, se 
trata de “uma doença crônica e hereditária, 
podendo ocorrer em qualquer pessoa, com 
incidência maior em algumas etnias, como 
negros provenientes de origem africana”.
Segundo os autores do estudo, estudiosos 
defendem que a anemia falciforme surgiu 
como proteção dos povos africanos contra a 
malária, visto que o protozoário Plasmodium 
falciparum atinge a hemoglobina A. Ao passar 
pela mutação genética, a gênese da 
hemoglobina é alterada formando-se a 
hemoglobina S. Com essa diferenciação 
genética, a malária foi controlada, diminuindo 
substancialmente a mortalidade dos 
africanos, visto que o protozoário da malária 
não infecta a hemoglobina S.
O que era um fator de sobrevivência na 
África foi herdado principalmente pelos 
afrodescendentes como uma condição que 
passa ao largo dos diagnósticos dos médicos 
brasileiros, que em sua maioria, examinam os 
negros com altas doses de preconceito racial e 
que os tratam, quando o fazem, apenas de 
acordo com os parâmetros da medicina 
européia convencional.
Cito esses dois exemplos para chamar a 
atenção das lideranças sindicais, comunitárias 
e políticas aqui presentes para a necessidade 
de nos unirmos em torno de políticas públicas 
de saúde que priorizem o tratamento, a 
informação e os diagnósticos médicos 
específicos para a população negra.
Porque muito mais do que os cuidados 
necessários para as doenças que tipicamente 
afetam homens e mulheres negras também 
somos vítimas da falta de informações e de 
orientações que ajudariam a salvar milhões de 
vidas de diabéticos, hipertensos e de 
mulheres que são vítimas fatais, todos os 
anos, de cânceres de mama e do colo do 
útero.
Sem mencionar o abandono a que é 
mantida a juventude negra, fora dos bancos 
escolares e dos empregos, vítimas 
preferenciais do tráfico de drogas e das 
doenças correlatas como alcoolismo, 
dependência química e HIV/AIDS.Por diagnósticos médicos 
específicos para a 
população negra
A partir da criação, em 2003, da Secretaria 
Especial de Promoção da Política de 
Igualdade Racial (SEPPIR), que possui status 
de Ministério e está ligada à Presidência da 
República surgiu o Conselho Nacional de 
Saúde que aprovou, por sua vez, a Política 
Nacional de Saúde Integral da População 
Negra, em 2006.
Mesmo assim, como acontece com os 
aparatos de Estado, que burocratizam as boas 
intenções, por causa das pressões urgentes da 
cidadania organizada em torno dos sindicatos 
e dos movimentos negros, a população negra 
no Brasil ainda continua sem apoio para o 
tratamento de doenças típicas de sua 
condição racial.
Situação que é agravada por sua condição 
social de pobreza e analfabetismo funcional, e 
que continua a gerar desinformação que 
mata, como acontece com os casos de 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, hanseníase, cancêr de 
colo uterino e de mama, miomas, transtornos 
mentais e a anemia falciforme.
Muitas dessas doenças são verdadeiras 
epidemias modernas que afetam as 
populações em vários estratos sociais e 
regionais do Brasil e do mundo.
Mas a prevenção de grande parte dessas 
epidemias modernas, a exemplo da 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
HIV/AIDS, tuberculose, câncer do colo uterino 
e de mamas poderia ser acelerada com 
informações que fossem traduzidas para 
grande parte da população negra que foi 
mantida, desde a escravidão, distante da 
Educação. E, portanto, com sérias dificuldades 
de entender e pressionar o Sistema Único de 
Saúde para lhes repassar informações e 
diagnósticos que salvariam vidas da 
população negra.
Saúde da população negra 
e cidadania
A melhoria da saúde da população negra 
passa, portanto, pelo respeito à cidadania do 
homem e da mulher negra, que continuam 
vítimas da discriminação racial, econômica e 
social.
Por isso, as doenças que mais lhes afetam 
não conseguem sensibilizar os órgãos 
públicos para de fato levar até essa população 
os tratamentos e as iniciativas preventivas que 
lhes protejam as vidas.
É sabido que os negros e negras 
desenvolvem mais hipertensão que os 
brancos. Mas poucos especialistas ousam 
vincular a incidência da doença com a 
condição de escravos trazidos à força, em 
navios negreiros, para as terras brasileiras.
O dr. Décio Mion é médico, especialista em 
pressão arterial. É professor de Nefrologia, 
dirige a Unidade de Hipertensão Arterial do 
Hospital das Clínicas da Universidade São 
Paulo e é um dos que reconhecem que “os 
negros desenvolvem mais hipertensão do que 
os brancos”.
E consegue uma explicação que vincula 
essa condição à escravidão: “Uma das 
hipóteses para justificar esse fato está nas 
condições em que eram trazidos da África 
para a América. Muitos morreram por causa 
das infecções, porque vomitavam e tinham 
diarreia e não conseguiam reter líquido. 
Quem conseguia, sobreviveu. Eram os 
sal-sensíveis", explica o doutor Décio Mion.
E continua: "Desse modo, houve uma 
espécie de seleção natural. Provavelmente, a 
maior parte dos negros que suportou a 
viagem comia sal, retinha líquido, o que 
elevava a pressão, e transmitiu essas 
características aos seus descendentes.”
A origem africana também explicaria a 
anemia falciforme.
Segundo o estudo “Anemia Falciforme, 
origem e disseminação no Brasil”, dos 
especialistas Leandro Batista Madruga, 
Virgínia Santander e Denise Cheavegatti, se 
trata de “uma doença crônica e hereditária, 
podendo ocorrer em qualquer pessoa, com 
incidência maior em algumas etnias, como 
negros provenientes de origem africana”.
Segundo os autores do estudo, estudiosos 
defendem que a anemia falciforme surgiu 
como proteção dos povos africanos contra a 
malária, visto que o protozoário Plasmodium 
falciparum atinge a hemoglobina A. Ao passar 
pela mutação genética, a gênese da 
hemoglobina é alterada formando-se a 
hemoglobina S. Com essa diferenciação 
genética, a malária foi controlada, diminuindo 
substancialmente a mortalidade dos 
africanos, visto que o protozoário da malária 
não infecta a hemoglobina S.
O que era um fator de sobrevivência na 
África foi herdado principalmente pelos 
afrodescendentes como uma condição que 
passa ao largo dos diagnósticos dos médicos 
brasileiros, que em sua maioria, examinam os 
negros com altas doses de preconceito racial e 
que os tratam, quando o fazem, apenas de 
acordo com os parâmetros da medicina 
européia convencional.
Cito esses dois exemplos para chamar a 
atenção das lideranças sindicais, comunitárias 
e políticas aqui presentes para a necessidade 
de nos unirmos em torno de políticas públicas 
de saúde que priorizem o tratamento, a 
informação e os diagnósticos médicos 
específicos para a população negra.
Porque muito mais do que os cuidados 
necessários para as doenças que tipicamente 
afetam homens e mulheres negras também 
somos vítimas da falta de informações e de 
orientações que ajudariam a salvar milhões de 
vidas de diabéticos, hipertensos e de 
mulheres que são vítimas fatais, todos os 
anos, de cânceres de mama e do colo do 
útero.
Sem mencionar o abandono a que é 
mantida a juventude negra, fora dos bancos 
escolares e dos empregos, vítimas 
preferenciais do tráfico de drogas e das 
doenças correlatas como alcoolismo, 
dependência química e HIV/AIDS.

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